sábado, 11 de julho de 2009

Sentou para descançar como se fosse sábado!


Na última semana o Coronel Mário Sérgio assumiu o comando da polícia militar carioca. Mário Sérgio é filósofo, gonçalense – sem piadas – ex-comandante do BOPE e ex-presidente do ISP.

Em sua maioria, as mudanças acontecem sempre com um clima de renovação, de novas práticas e posturas. Entretanto, no caso do conterrâneo Mário, isso ficou para traz. Após passar pelo seu blog (http://marius-sergius.blogspot.com/) e ler algumas matérias e entrevistas sobre e com o Sérgio, percebo que o novo comandante é mais um reflexo de uma corporação falida, sem moral e autoridade e entregue ao corporativismo, corrupção e falta de vontade política para a sua recuperação. O comandante usa do mesmo corporativismo para defender o indefensável, justificar o óbvio, para defender marginais fardados, que desonram a polícia carioca. O comandante ainda sofre de cegueira a ponto de dizer que o ideal não é o confronto, mas que se esse acontecer, a PM tem total condição e formação para atuar. Piada! Chegou pedindo para sair. Na minha visão, claro. Na do Cabral ele chegou tocando o rebu e lendo direitinho a cartilha do atual Governo do Estado.

As comunidades que se preparem, caveira na área. E a imprensa carioca, excelente imprensa diga-se de passagem, em breve deve começar a cobertura dos novos fatos. Vamos aguardar as pérolas que vêm por aí nos jornalões.

Bom, separei parte do texto publicado pelo caro comandante em seu blog: de cara fica claro o problema comum na Polícia Carioca, o desrespeito e a desconsideração com mestres, doutores e que - por alcançarem um certo grau de esclarecimento - acabam sendo ainda mais críticos e perceptivos as ações da corporação, ou do que restou dela. A população quando critica é rotulada como favelados defensores do tráfico, classe média maconheira e os formados, graduados, mestres, recebem o rótulo de ideológicos do blá, blá, blá... como ficou claro o incômodo que esse senhor teve com a apresentação dos convidados que dividiram com ele a mesa de debate em um evento na ALERJ:


“ a terceira é a advogada-professora-doutora, (ou doutora-advogada-professora, sempre me enrolo no uso desses títulos) Roberta Duboc Pedrinha, da universidade Candido Mendes e a última a professora (mestra, doutora, pós-doutora, pós-pós etc.) Patrícia Rivero, do IPEA.”[i/]

Em seguida coloca em dúvida o conteúdo dos convidados por eles serem apresentados como de fato devem ser, passando ao público seu perfil, sua formação. Se ele é só filófoso e chefe da Polícia carioca, isso não vai descredenciar seu conteúdo, ainda mais em um debate na ALERJ. O caro comandante se mostra inseguro.

Outra coisa que me assusta é a forma como ele trata reacionários, como Bolsonaro Filho, um tipo de cidadão que merecia ser expurgado da nossa sociedade, um senhor fascista e defensor de um nacionalismo bem parecido com o que defendia os militares durante a ditadura. Segue o que ele fala do sujeito:

“jovens idealistas como Freixo e Bolsonaro, aconselho a saberem mais sobre esses nossos contemporâneos e importantes parlamentares fluminenses.
“(com exceção dos representantes do estado ali presentes como: eu, minha equipe, o Bolsonaro, uma delegada e um delegado da PCERJ, qualquer que se encontrasse na sessão iria se colocar em oposição ao nosso trabalho)”

O comandante, não diferente dos antigos comandantes e dos representantes do Estado, ainda concorda com o discurso de que a chacina no Complexo do Alemão foi uma ação corriqueira da polícia. Mesmo tendo vários laudos periciais mostrando o contrário. Em tempo, esse senhor também deve defender a postura do soldado Rambo em fumar charuto após deitar marginais. Marginais para ele, que escolheu, julgou e sentenciou. Um trecho da fala do amigo conterrâneo sobre a chacina do complexo do alemão:

“Falaram ainda a professora Pedrinha, que manifestou suas desconfianças sobre as ações policiais no Complexo do Alemão”

E para piorar, o comandante não é flamenguista. Afinal, flamenguista não passa pelo Maraca em dias de jogos do Mengão, ele vai ao Maraca para assistir o glorioso. Hehehe

“Havia se passado uma hora de oratória política dissimulada e isso me incomoda mais do que passar pelo maracanã em dia de jogo do flamengo.”

Outra pérola do comando:

“Alguns cientistas de humanidades às vezes nos lembram os bêbados.”

Ele chegou ao comando agora, com o tempo vai entender que nem sempre se publica o que pensa. Imagina se todas as vítimas da polícia que agora atua sobre o seu comando jogassem na net, no seu blog o que pensam sobre ele e seus soldados?

Não desejamos autos de resistência, senhoras e senhores doutores, desejamos tranqüilidade pública e paz social, para nós, para cada cidadão fluminense e para todos que aqui transitam, como nuestros hermanos argentinos e uruguaios que vivem, trabalham e se divertem ao som do nosso samba.”

Não desejar autos de resistências não significa nada quando não se faz auto-crítica e abre mão do corporativismo que acoberta chacinas e mais chacinas. O amigo filósofo não entende isso e assim, ele soma aos quadros que passaram pelo comando da Polícia Militar carioca sem representar nenhuma mudança para a população do Rio.

Por fim diz: “Não é fácil convencer convencidos.”

Correto comandante, o senhor é prova viva disso.
Sorte à população carioca, com um comandante desses nós vamos precisar. Continuar precisando, aliás.


Paz!

Rodrigo Azevedo

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